Boiando em Moçambique

Desventuras de Rafael Moralez na África

Orientador

2 Comentários

 

Trocando uma ideia com a rapaziada que frequenta a Fofinha!

Trocando uma ideia com a rapaziada que frequenta a Fofinha!

Acabei de descobrir que não estou em Moatize, mas sim em Tete, Moatize é do outro lado do rio. Fui comprar água e umas beers em uma birosca que chama fofinha, nada mais que um buraco numa parede suja e malcheirosa onde uns 20 moçambicanos ficam bebendo do lado de fora numa rua poeirenta de terra. Comprei e saí, eles ficaram falando da negra que tenho tatuada na perna, fiz de conta que não entendi, se eu arrumasse uma confusão ali teria sérios problemas. Aliás um brasileiro que aqui mora contou que lincharam um cara ontem na frente da casa dele. Esse papo de que aqui é tudo muito tranqüilo e pacífico pode funcionar para a capital, mas aqui no interior onde estou a coisa rola de outro jeito, Me disse que um cara tentou roubar a moto de uma mulher e os caras da rua bateram nele até a morte, o Estado não existe aqui, eles resolvem na mão mesmo. Fiquei muito mais cuidadoso depois dessa, acho que não vou invadir nenhuma casa como o pretendido. Não tem nada, umas duas vendinhas e tudo bem sujo. Moro num hotel que não lembro o nome, mas tem uma infra legal, os militares batem continência para mim, respondo com um positivo e as vezes com um sinal de metal (indicador e mindinho) dizendo YEAH! Eles levam a sério e mantêm a continência.

Aliás… …o olhar do negro moçambicano é um misto de que-porra-você-ta-fazendo-aqui com você-é-branco-tem-mais-dinheiro-que-eu-então-me-ajuda um misto de desprezo e submissão, ainda vou pensar isso melhor, mas, por exemplo, educadamente dei passagem na rua a uma mulher e ela se recusou a passar antes de mim, insisti e ela baixou a cabeça e ficou imóvel. Outra situação, cumprimentei  com aperto de mão e olhar nos olhos agradecendo os caras que carregaram minha mochila no hotel e no aeroporto pequeno de moatize, eles me olharam com espanto, tipo, que-ce-tá-fazendo, depois, meio segundo depois, um largo sorriso e algo como reconhecimento estampado na cara. Não sei, me sinto um aproveitador, preciso pensar isso melhor.

Conheci um cachorro, me disseram que ele era agressivo e arredio, fui chegando e brinquei com ele um tempão, a galera da rua ficou de cara, um dog bonito, de rua, vou tirar uma foto dele, acho que faltava carinho pra ele, não lembro o nome dele. Vou voltar lá.

Vou dormir!

 

Falous

Autor: rafaelmoralez

Rafael Moralez é natural do interior de São Paulo, formado em Filosofia, possui Doutorado em Planejamento e Gestão do Território. Produziu durante muitos anos o Fanzine Produto do Ócio, publicação que ainda mantém ativa com edições esporádicas. Também lançou os dois livros de história em quadrinhos Peixe Peludo em parceria com Rodrigo Bueno. Tem mais dois outros livros publicados, um relato de viagem chamado Boiando em Moçambique, editado pela Balão Editorial, e o livro acadêmico Energia, desenvolvimento e sustentabilidade, este última em parceria com o professor Arilson Favareto, pela Editora Zouk. É o criador e organizador da Feira de Publicações independentes Mercado de Peixe, que já está na quinta edição. Como ilustrador colabora com a revista de Filosofia Política Fevereiro.

2 pensamentos sobre “Orientador

  1. Fala Moralezzzzz,

    vem cá, quequecetafazendoai? Doutorado?

    Gostei do brogui. Abz

  2. Que aventura, se cuida ae viu?
    Se for descendo o rio vai dar no Indico, e se nadar numa linha reta vai parar em madagscar :-)

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