Boiando em Moçambique

Desventuras de Rafael Moralez na África

Ainda Malawi e um pouco de Moatize

4 Comentários

As vezes está em português mesmo. Mas tem horas que aqui o idioma é outro! Ou então o sotaque é tão forte que não se compreende nada. As perguntas devem ser feitas com cuidado e pausadamente. Muita informação confunde. Cheguei aqui com a ansiedade que me é peculiar e o jeito paulistano de viver, hoje projeto um jeito zen de comer e andar. Os carros vão a 40 km hora nas estradas, não há pressa. Não há razão para correr!

É até melhor porque não tem nada organizado no transito, você vira onde quiser, obedece o semáforo se tiver com vontade e estaciona onde bem entender. Adar de bike é um exercício a parte, tem que ter muuuuito cuidado. Eles não temem o trânsito, entram na frente dos veículos que estão vindo em sua direção,mas não com uma atitude desafiadora, mas sim por total ausência de noção de como se portar no trânsito, ou o que isso representa de perigo. Até uns anos atrás aqui era um sertãozão, e de repente enche de caminhonete grande e gente guiando pra tudo quanto é lado. Vai levar umas gerações até organizar o lugar aqui.

Estou organizando um curso de apacitação ao ensino do Inhungue, ou Nyungwe, que é o idioma local, tem um povo aqui que está escrevendo um dicionário Inhungue/português, vou levar uns pro Brasil, mas aproveito desde já para adiantar alguns verbetes que podem ser úteis.

 

Adubação – Acto ou efeito de espalhar adubo no campo para melhor desenvolvimento das plantas

em Inhungue:

Kuwaza ndovolo m’munda kuti mbewana zikule 

Abate clandestino: Kugwesa miyi mwa kuba

Capacidade: Nkati

Locomoção: Ufambi

E por aí vai… …a gente nunca sabe quando vai encontrar a chance de bater um bom papo sobre adubação e abate clandestino em Nyungwe certo!? Então é bom se interar a respeito para aproveitar a oportunidade!

 

O clima tá começando a esquentar, ontem mesmo fez um calor do cão! Mudei do hotel, agora moro em uma casa, ela fica entre a Fofinha e a barraca Ipanema, estou no eixo gastronômico de tete. Vou frequentar os melhores ambientes. Os pratos mais sofisticados. A comida aqui tá dureza meu amigo!!!

Fui!

Rafa

Ao som de Erasmo Carlos – 1971

Com desenho fica fácil descobrir em qual entrar!

Com desenho fica fácil descobrir em qual entrar!

 

Voltando pra pousada no Lago Niassa! Saudade grande da Marginal Pinheiros e do fim de tarde no trânsito paulistano!

Voltando pra pousada no Lago Niassa! Saudade grande da Marginal Pinheiros e do fim de tarde no trânsito paulistano!

Autor: rafaelmoralez

Rafael Moralez é natural do interior de São Paulo, formado em Filosofia, possui Doutorado em Planejamento e Gestão do Território. Produziu durante muitos anos o Fanzine Produto do Ócio, publicação que ainda mantém ativa com edições esporádicas. Também lançou os dois livros de história em quadrinhos Peixe Peludo em parceria com Rodrigo Bueno. Tem mais dois outros livros publicados, um relato de viagem chamado Boiando em Moçambique, editado pela Balão Editorial, e o livro acadêmico Energia, desenvolvimento e sustentabilidade, este última em parceria com o professor Arilson Favareto, pela Editora Zouk. É o criador e organizador da Feira de Publicações independentes Mercado de Peixe, que já está na quinta edição. Como ilustrador colabora com a revista de Filosofia Política Fevereiro.

4 pensamentos sobre “Ainda Malawi e um pouco de Moatize

  1. Se o ritmo “zen” te pegou já valeu muito estar por aí.Pois aqui as coisas estão rápidas demais e a gente…esgotado.
    Abreizes

  2. que marginal que nada!
    mas essa tua foto me deu uma saudade danada do cardoso….(a ilha por favor!)

  3. Moatize parece interessante como é a segurança pública?Tem muita violêcia, roubo, mortes…? Tem como me enviar este tipo de informação? Aguardo, desde já muito obrigado.

    • Oi Relber

      Tudo bem!

      Você me perguntou sobre a segurança de Moatize no meu blog… …olha aqui é uma região bem interiorana, a vida das pessoas é vinculada a atividades rurais e em sua maioria de subsistência, o que faz com que o ritmo do lugar seja pacato. Agora com algumas alterações devido a presença de empresas grandes na região mas ainda assim pacato. Não há roubos ou criminalidade. Ando de noite a pé sozinho com camêra fotográfica, dinheiro, celular e não sinto perigo algum, eles são muito pacíficos os moçambicanos. Claro que há exceções mas é raro. O curioso é que quando alguém é pego roubando eles resolvem ali na hora mesmo, muitas vezes a pessoa é linchada. A polícia é extremamente corrupta e quando é chamada dá um couro no cidadão também! Depois pra compensar ele apanha mais um pouco na esquadra que é a delegacia local.
      No geral diria que Moatize e Tete são cidades tranquilas sem problemas de violência.
      Acho que respondi, mas se quiser perguntar mais alguma coisa fique a vontade ok!

      Grande abraço!!

      Rafa

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