Fui adquirir uma bicicleta dias atrás. Antes de mais nada fiz uma longa pesquisa entre as duas marcas locais, que por sinal fazem o mesmo modelo. Então não tendo muito a pesquisar fui lá e escolhi a que tem o nome de Hunter, fazendo assim justiça ao espírito de gringo-na-africa. Hunter!
Faltou dizer que as marcas são locais da China, como em todo lugar do mundo aqui os chineses estão a invadir ora pois! Eles vendem tudo quanto é badulaque pros moçambicanos, que, desprovidos de tudo quanto é bem material compram na medida do possível. E esse possível é bem pouco!
Mas voltando a bike, numa dessas pesquisas fui conversar com um cidadão no fundo de uma loja que sentado no chão montava as bicicletas. Desnecessário dizer que o lugar era imundo e que no lugar de chaves e ferramentas diversas ele fazia tudo com “um” alicate. No momento da conversa ele montava os raios do aro, e percebi que conforme ele falava alguma coisa reluzia na boca dele, pensei ser um aparelho de ortodontia, mas logo descartei pois o cara nem dentes tinha. Cheguei mais perto e fiz outra pergunta, quando ele falou percebi que todas as porcas e arruelas do aro estavam dentro de sua boca, ele colocava ali para ser mais fácil tirar e colocar na montagem do aro. Então observei, e vi, que ele separava na boca a porca e a arruela para a montagem das rodas, intercalando e otimizando a linha de montagem, que se resumia a ele mesmo. Uma hora saia da boca uma arruela, que era colocada em seu lugar, depois vinha uma porca, que sempre traz consigo um pouco mais de baba, dá-se um apertãozinho e vamos para o outro raio. Terminada esta roda ele não titubeou e pegou um montinho de porcas e arruelas que estavam no chão, cheio de óleo e areia, deu umas batidinhas pra tirar o grosso e colocou tudo na boca, iniciando assim a montagem de mais uma roda. Oficina moderna. No pneu da minha bicicleta tem um pouco de baba africana, nada mais colonizador ou estrangeiro dominante que isso.
Descobri que existe também o dia da mulher que é 7 de abril, devia ser 1º de abril, maior mentira. Elas sofrem o ano inteiro e ficam com um dia só para elas. No dia da mulher elas podem sair a tarde e beber, mas depois tem que prestar satisfação aos maridos, e quando anoitece voltam pra casa. Tudo mentira que é dia delas.
Conheci um cidadão que chama Verniz Manjericão, você pode achar que é brincadeira mas não é! Os portugueses que aqui estiveram não sabiam escrever os nomes dos africanos, então colocavam a função ou alguma outra palavra que tivesse relação com a família do cidadão. Tive uma reunião com uma pessoa chamada Sr. Tapuletha Trabuco. Mas mantive a seriedade o tempo todo!
Ah… …conheci também uma agradável senhora gringa americana que está fazendo o lindo trabalho de traduzir a bíblia para os idiomas africanos como o Inhungue, assim ela poderá catequizar toda a África com a palavra do Jéza nos dialetos locais. Não é bunitu isso! Jéza is beautiful! Os costumes, lendas e tradições locais que se fodam, vamos enfiar o salmos goela abaixo e colocar todo mundo de joelho pra repetir o credo! Agora todo mundo com a mão pro alto!! É parecido com uma micareta, mas tem menos cerveja!
Fui!
Abreizes!
Quero deixar aqui meu agradecimento a Geraldo Martins por ter dado a idéia do blog (vejam link para o blog do Geraldo nos links que indico) e ao Mateus Potumati (vou colocar um link para o Mateus logo mais) que também me incentivou e construiu a página para mim. Valeu mesmo! Thanks!
25 de agosto de 2009 às 21:34
‘Os costumes, lendas e tradições locais que se fodam, vamos enfiar o salmos goela abaixo e colocar todo mundo de joelho pra repetir o credo!’ [faço minhas, as tuas palavras!]
29 de agosto de 2009 às 23:41
verniz manjericão!!!!
26 de setembro de 2009 às 14:17
Se o cara guarda as porcas e ruelas na boca, onde será que ele põe os parafusos?